terça-feira, 5 de setembro de 2017

Tavapensandoaqui que vi um corpo estendido no chão

Tavapensandoaqui que vi um corpo estendido no chão. Ao descer do Metrô, no chão da plataforma, vi o corpo de uma mulher sendo atendida pelo prestativo pessoal do Metrô. Não sei se era nova ou velha. Com as pernas branquelas e um pouco roliças, jogadas ao chão, uma delas esticada e outra um pouco flexionada. Pés descalços, eu não vi onde estavam os sapatos. Eu caminhava por entre os passageiros que desciam do vagão do Metrô e via a cena por entre os corpos que se mexiam em direção à escada rolante. Vi no calcanhar da perna flexionada da vítima, uma tornozeleira preta sugerindo que tinha dores, inchaço, ou falta de firmeza na região do tornozelo. Os passageiros passavam por ela, olhando de relance sem parar. Duas pessoas estavam paradas em pé próximas a ela, um homem de meia idade com camiseta listada e uma moça mais nova e mais baixa que ele, cabelos pretos presos por alguma coisa de prender cabelo que eu não sei o nome. Não me deram a impressão de que fossem pessoas conhecidas da mulher caída. Além do funcionário que estava atendendo, outro funcionário da segurança do Metrô com seu cassetete pendurado à cintura dava cobertura para o atendimento. Na escada rolante vi alguns pescoços se virando em direção à cena para descobrirem algo mais e uma senhora cabelos loiros não desgrudou os olhos até que a escada chegasse ao topo. Pensei em ter uma visão melhor ao subir a escada e fui seguindo a fila para subir à dita cuja rolante tal qual o gado segue para o local do abate afunilando um a um até entrar pela porteira.  Dia de semana, horário de entrada ao serviço, composições sempre lotadas, as pessoas passavam e viravam o pescoço, para ver se viam o que estava acontecendo, mas não paravam, pois São Paulo é a cidade que não pode parar. A pessoa caída, pernas brancas, roliças, tornozeleira no calcanhar, vestido estampado levantado até à altura das coxas deixando à mostra um pouco da roupa íntima, seguia deitada no chão enquanto passávamos. Que planos teria essa mulher para hoje? Por que estaria naquela hora deitada no chão frio da plataforma? Estaria indo ao trabalho, ou procurar trabalho, ou indo a algum outro compromisso, visitar alguém, atender alguém? Tropeçou, teve um ataque epilético, sentiu-se mal por queda de pressão, por stress ou algum outro motivo? Será que bateu a cabeça, será que ficou inconsciente? Será que os planos do Universo eram outros para ela? O que ela deverá fazer ao recuperar sua consciência? Rever seus conceitos? Analisar as causas? Passaria pela sua cabeça rever os planos para o futuro devido a esse imprevisto ocorrido na plataforma do Metrô? Subo a escada rolante e viro o pescoço na direção da cena. Não consigo ver muita coisa e a escada chega ao topo. E se fosse você, a ter seus sonhos interrompidos bruscamente pelo Universo que discordou dos seus planos? A vida segue. Ainda bem que eu não prestei muita atenção. Tava pensando aqui..
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