quinta-feira, 14 de setembro de 2017

#tavapensandoaqui que enfim chegaram os sessenta

#tavapensandoaqui que enfim chegaram os sessenta. Meus sessenta anos chegaram hoje. Ganhei lugar nos assentos preferenciais, entradas de graça em alguns eventos, vaga especial ao lado das entradas de Shoppings Centers e Supermercados, filas especiais. Que merda. Junto com isso chega a também chamada sabedoria. Sabedoria de não dar um soco na cara de um monte de sujeitos folgados que existem aqui nessa terra de ninguém na qual se transformou nosso país. A sabedoria impede de dar um tremendo murro na cara do sujeito por uma simples razão: hoje eles são maiores que a gente. Se der uma porrada num sujeito folgado desses, meu braço vai quebrar e se não quebrar com a cacetada que darei nele ele vai se voltar pra mim e me quebrar o braço e outra partes mais. E nós somos maiores que nossos pais, cuja idade que alcancei agora, muitos deles não chegaram com a saúde que tenho. Alguns nem chegaram vivos até aqui. Nessa idade que tenho nesse quatorze de setembro de dois mil e dezessete tenho muita história para contar. Vivi no tempo que a televisão produzia programas simples em preto e branco e que todas as pessoas acompanhavam. Programas de auditório e seriados estrangeiros além de tantos outros dominavam os horários nobres das três ou quatro emissoras de televisão que pegavam nas nossas casas com ou sem palha de aço na antena. Felicidade de jogar bola na rua com chuva ou sol, ralar o joelho no asfalto e passar mertiolate que ardia naquela época, ou quebrar a unha do dedão do pé e ir com ele para a escola, enfaixado com gaze vermelha do mercúrio cromo. Os pés dentro de um chinelo que não deixavam cheiro e não soltavam as tiras. A violeta genciana era utilizada para eliminar as herpes ou o bicho de pé que era adquirido ao andar descalço nas ruas de terra ou nas praias. A água era tomada da torneira depois de uma brincadeira de cabra-cega, pega-pega, amarelinha, pula-corda ou queimada. Os brinquedos soltavam as pequenas peças, eram verdadeiras armadilhas e sempre escapávamos delas. As balas não tinham furinho no meio, as canetas estouravam dentro dos bolsos dos adultos. Os jovens começavam a fumar com menos de quinze anos, fumavam dentro de casa, dentro dos restaurantes e nos escritórios. Isqueiros ou cinzeiros com belos desenhos ou belas imagens eram presentes ideais para se presentear como lembrança para um monte de gente depois de uma viagem para algum lugar distante. Águas de Lindóia, Serra Negra, Poços de Calda eram destinos distantes naquela época, pelo menos para mim que sou de Santos. Automóveis sem cinto de segurança e com toca-fitas de gaveta passaram pela minha vida. Belos tempos, belos dias. Agora sessenta. E a vida começa aos sessenta. Vamos em frente. Terceira idade, melhor idade, seja lá o que se chama hoje, chegou para ficar na minha vida. E passar. Como passaram os quinze, vinte, trinta, quarenta e cinquenta anos. Deus me guie. Tava pensando aqui...

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