Tavapensandoaqui no café de Santiago. Aqui no Chile, de
onde escrevo hoje. Faz dois dias que chegamos aqui. Estou atrás de tomar um
café expresso decente. Minha relação com café no estrangeiro é sempre
conturbada. É que eu uso o fato de gostar de café para ir conhecendo os lugares
por onde passo. Eu sempre procuro as cafeterias, padarias, bares e restaurantes
e peço café. Nesse meio tempo, posso aproveitar para usar o banheiro do local,
ver se tem um bom atendimento, pergunto sobre os pontos próximos onde eu possa
fazer turismo. Não é só o fato de tomar café e sim o fato de estreitar as
relações entre os países. Ano passado em Roma foi uma saga eu tentar tomar um café
italiano. Já contei. Agora a saga é aqui no Chile. Aqui em Santiago o negócio
está feio. Geralmente eu chego às cidades, peço pelo café e fico esperando para
ver como o café será servido. É uma forma de ver como são os costumes. Eu peço
pelo expresso tradicional e aí eu começo a observar como as coisas funcionam. Vejo
se posso pedir diferente, vejo se o local entende de fazer o café, coisas desse
tipo. Aqui em Santiago, cheguei à tarde e fui numa doceria daquelas parecidas
com as cafeterias brasileiras, com doces e pães. A máquina de café não era a
tradicional, era aquela que se aperta o botão e sai o café, o cappuccino, o com
leite, chocolate, etc. Pensei que ia começar bem, já que a maquininha deve ser
padrão. A moça perguntou se eu queria pequeno, médio ou grande e eu pedi pequeno,
que era de uns 200 ml em copo de papelão com a tampinha que tem um furinho para
ir tomando. Achei que iria vir metade do conteúdo e quando a menina acionou a
máquina, o café foi quase até a borda. Falando com ela depois, ela disse que posso
pedir para ela retirar antes que ela tira. Lembrei-me de outras coisas que
tirando antes evitam problemas uns nove meses depois. Mas tomei o conteúdo
todo, estava bom, se bem que demoraram umas cinco quadras para tomá-lo enquanto
ia conhecendo os arredores do bairro Belas Artes, onde ficamos hospedados. A
segunda tentativa foi no final desta mesma tarde. Entrei no local e vi que
tinha a cafeteira italiana tradicional. Só que eles me serviram nas mesinhas
externas. Falei que queria na xícara pequena. O cara perguntou se eu queria
cortado ou doble e eu disse que queria doble. Se a xícara era pequena, eu a queria
cheia de café e não pela metade. Mas veio então a xícara de chá, cheia de café
pelando. Não estava ruim, mas com tanto conteúdo você acaba tomando chafé. Nova
tentativa no dia seguinte. Lá pelas onze da manhã na Praça das Armas encontrei três
locais onde poderia pedir café. Entrei no do meio que estava mais vazio. O dono
estava numa mesinha com dois amigos ou clientes e interferiu na conversa que eu
estava tendo com a atendente. Eu sou ruim de conversa como todos meus amigos
sabem e depois de muito papo com o chileno aceitei um café turco. Mal sabia eu
que não era expresso, pois a atendente acabou fazendo em outra maquininha.
Demorou um século para sair. Acho que tiveram que dar vitamina para o café sair
da cafeteira porque ele estava fraquinho demais. Porém ele foi servido com toda
a pompa. Acho que tirei uma das fotos mais bonitas de café com o tal café turco
que parecia com o café de coador, mas na hora de tomar o café, não era o café
que a mamãe prepara com todo o carinho... O café até que não era de todo mal, mas
eu queria um expresso. No fim da tarde no shopping fiz mais uma tentativa. Encontrei
um local com a cafeteira italiana e fiz questão de sentar na parte de dentro do
local, pois eu ia apontar a xícara que eu queria. Depois de anotado o pedido, a
moça chegou com o café e um copo de água com gás de 300 ml. Aproveitei para
matar a sede. Mas o gosto do café estava horrível, ao ponto da mulher e da
filha que quase nunca tomam café resolverem experimentar para confirmar que era
ruim mesmo. Tentei colocar mais um sache de açúcar, mas nada salvou aquele
maldito café ruim que ficou pela metade na xícara. A coisa aqui tá braba. Ainda
hei de vencer, mas acredito que ainda vai levar uns dois dias. Tava pensando
aqui...
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