sábado, 26 de novembro de 2016

Tavapensandoaqui em algumas lembranças do meu falecido pai

Tavapensandoaqui em algumas lembranças do meu falecido pai. Neste mês de novembro no dia 20 ele faria aniversário. Meu pai nunca foi de fazer muito mi-mi-mi e nem era um homem que brincava com os filhos ou fazia alguma coisa para ajudar em casa nas tarefas do lar. Homem como muitos homens da geração passada, nascido em 1931, ele acreditava que a mulher devia cuidar do lar e o homem deveria prover o sustento. Nunca deixou minha mãe trabalhar, se bem que ela também não foi criada para trabalhar fora do lar. Nada de errado com essa postura, eram anos 50-60. Ele não ajudava nas tarefas “do lar”, porém ele reformava a casa inteira, desde a troca do piso até arrumar a goteira do telhado ou a antena da TV. Muitos homens hoje não ajudam nas suas casas, não trocam uma lâmpada queimada nem furam uma parede para pendurar um mísero quadro. Meu pai ao contrário, era habilidoso na arte de ser engenheiro-pedreiro-carpinteiro-pintor-protético. Ele fazia dentaduras para parentes e amigos sem cobrar pelo serviço e geralmente as pessoas deixavam um agrado para “as crianças”. Ao final das dentaduras sempre sobrava um material que parecia uma massinha de modelar e os filhos (eu e minha irmã) ganhavam uma pequena escultura de um burrinho, com as orelhinhas e tudo. Ele rebocava uma parede, consertava uma calha ou fazia o cimento na calçada, sem camisa. Só usava uma bermuda, um chinelo de couro e uma toalha de rosto enrolada em volta do pescoço. A toalha era utilizada para limpar o rosto suado e também para protegê-lo da friagem. Outra coisa que meu pai geralmente fazia quando trabalhava nas reformas das casas dos familiares e que deixava minhas tias loucas da vida, era evitar almoçar. Quando fazia algum trabalho pesado, ele passava o dia inteiro tomando café em sua xícara de metal toda amassada e passava o tempo todo recusando os chamados para o almoço. Ele fazia assim porque sabia que fazer força depois de comer um prato “de pedreiro” é algo totalmente insano. Meu pai construiu uma piscina no quintal de casa (profundidade de uns 40 centímetros) que fazia a alegria nos dias de calor, construiu meu forte apache em madeira, com as torres, portas e todos os detalhes primorosamente acabados e pintados. Ele construiu minha pista de autorama em uma base de madeira, executando um projeto criado por mim onde os carrinhos num circuito oval se cruzavam no “X” das duas retas da pista. Meu pai era de extremos. Por causa da bebida sem controle quase perdeu o emprego. Resolveu parar de um dia para o outro e nunca mais bebeu. Fumante desde os 15 anos, o apartamento deles em Santos cheirava a cigarro. Diversas vezes fui visitá-los e passar o final de semana com eles e minha filha passou madrugadas no hospital fazendo inalação. Por conta deste fato, de uma hora para outra ele simplesmente abandonou o cigarro. Muitas características dele eu trago comigo. Que boas lembranças. Rolou nostalgia. Feliz aniversário pai. Atrasado também vale. Tava pensando aqui...

Nenhum comentário:

Postar um comentário