Tavapensandoaqui nas festas
temáticas. Elas existem para que as pessoas tenham motivo para se reunir e para
se caracterizarem em um personagem com o qual se identificam. Eu imagino que
seja isso.
Durante meus anos de criança eu ia para os bailes de carnaval
vestido com fantasias. Lembro da fantasia de tirolês. Mano, fala sério: o que é
um tirolês? O que faz um tirolês? Imagine o que uma criança de seus 7 anos sabe
a respeito de um tirolês. Ninguém nunca me perguntou o que eu queira vestir no
carnaval ou qual personagem eu admirava. Simplesmente eu ganhava uma fantasia e
tinha que ir com ela para um baile de carnaval. Marinheiro eu acho que vesti
também. Antes de ir para o baile, passávamos na casa da tia que borrifava lança
perfume no meu pulso. Para que servia aquela borrifadinha? Será que era para eu
ficar zureta e nem lembrar que estava vestido de tirolês? Alguém tem idéia?
Mais
velho, durante anos eu nunca vesti nenhuma fantasia. Amigas terapeutas não se
animem, sou bem resolvido neste assunto. Eu acho. Sei lá. Talvez sim. Quem
sabe? Pausa para chorar. Seguindo em frente, sou forte.
As coisas começaram a
mudar depois que casei. No nosso cruzeiro pelo rio Nilo iria acontecer uma festa
à fantasia Eu com quase 30 anos. Tinha loja a bordo. Passamos nela e nada
alugamos. Minha mulher achava besteira e não queria gastar dinheiro. Na festa,
as únicas pessoas de jeans, camiseta e tênis éramos nós. Jurei nunca mais
passar vergonha igual àquela. Tal qual Scarlett O’Hara em “E o vento levou”,
jurei não mais seguir opinião alheia. Todos se divertindo com suas fantasias de
árabes, reis, princesas, odaliscas, sheik e nós ali. Caretas.
Tempos depois
apareceu uma festa da família no Monte Serrat, no salão de festas no famoso
morro santista. As primas festeiras (amo) nos convidaram através da minha mãe.
Chegamos lá, vestidos normalmente quando todos estavam caracterizados de anos
60. Marilyn Monroe me recebeu na porta e em seguida cumprimentei Elvis Presley
(meus primos). Olhei para minha mãe e perguntei “por que não me avisou que era
festa dos anos 60?”. Ela disse que era besteira, odiava isso de se vestir com
fantasias. E ela me vestia de tirolês, lembram? E eu e mulher novamente passamos
um mico perante melindrosas, vestidos de bolinha amarelinho, dançarinas de
can-can, James Dean e diversas outras personagens.
Finalmente apareceu uma
festa brega e consegui me produzir. Figurino de sucesso, que foi repetido em
outra festa, já que os convidados eram outros. Depois outra festa de uma amiga
querida. Fantasiei-me de presidiário 171. Acho que combinou. Tinham mais 5 iguais
lá. Minha mulher inclusive, que pela falta de criatividade comprou a mesma
fantasia. Depois de uma bronca que dei nela, ela atualizou a fantasia para
membro da SWAT, aproveitando para meter o cassetete na minha testa.
Recentemente
surgiu a mania de festejar o Halloween (sou velho, na minha época não existia).
Festa brasileira? Não. Achei totalmente fora de propósito. Como é que pode festejar
uma data que não tem nada a ver com a gente? Daí eu lembrei-me que o Natal
também não tem nada a ver conosco. E também lembrei que a festa do boi-bumbá é
brasileira e só comemoram no norte e nordeste. Acho que o fato da fantasia
levar chifre deve ser impeditivo para os machistas aqui do sudeste e sul do
país adotar a comemoração.
Mas o Halloween está aí, semana que vem. Que
fantasia você vai vestir? Abóbora? Bruxa? Fada? Mago? Fantasma? Morte? Harry
Potter? O negócio é comemorar. Estou procurando a minha fantasia. Vamos brincar?
Tava pensando aqui...
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