Tavapensandoaqui na lei do
retorno. Como abordar um assunto polêmico e abstrato, que não conheço nem tenho
estudo específico sobre o tema? Em que disciplina se estuda a lei do retorno? Seria
no curso de Direito? É polêmico porque alguns acreditam que aqui se faz e aqui
se paga, afirmando que o mal que fazemos aqui na terra aqui na terra é punido.
Outros acreditam que os pecados feitos nesta vida são parcelados pelo Divino
para serem pagos em suaves reencarnações iguais a um carnê de lojas populares. Abstrato
porque não há comprovação desta lei para cravar que ela realmente existe. Vários
ditos populares abordam esse tema, como o que diz que é dando que se recebe, ou
o que diz que amor com amor se paga, ou ainda outra que diz que olho por olho,
dente por dente. Outro dia comentei que durante o meu dia fiz várias gentilezas
e que recebi outras tantas. Nesta semana mesmo, abasteci meu carro em um posto.
Enquanto tomava o café, vi que os vidros do carro estavam sendo limpos pelo
frentista e agradeci com uma pequena gorjeta. Ele nem sabia que eu iria pegar
estrada naquela hora da noite e que a limpeza do vidro foi muito providencial. Antes
da minha saída recebi dele um daqueles pacotinhos com pastilhas de hortelã. Dia
seguinte ganhei um café expresso da menina de outro posto, já que ela
considerou que eu havia tomado pouco café e que nem sujei a xícara (ela usou
uma xícara de chá e considerou pouco café para o tamanho da xícara). Mas minha
filha me deu o exemplo que eu precisava para escrever sobre a lei do retorno. Ela
começou o curso de habilitação para motorista. No segundo dia comentou estar
prestes a esganar uma aluna que falava durante as aulas, gabando-se de dirigir
sem carta, de ter tomado multa e não ser ela quem pagou. Falava que fazia coisas
erradas como parar em fila dupla, virar sem dar seta, estacionar em guias
rebaixadas e outras besteiras. Como a lei do retorno é sábia e quem fala o que
quer houve o que não quer, ao escutar do professor que os motoristas são
obrigados a dar passagem para viaturas oficiais tais como ambulâncias e carros
de bombeiro ou policia, a “inteligente” disse que esses carros às vezes ligavam
suas sirenes apenas para sacanear e que ela não iria dar passagem. Apesar do
esforço do instrutor afirmando que isso até poderia acontecer, mas que na
maioria das vezes a situação é séria e que o condutor deve sair da frente, a
menina insistiu em que ela não ia sair da frente e pronto. Minha menina então,
do alto de sua sapiência (que é muita) e de sua paciência (que é pouca) soltou
logo um “espero que quando você fizer isso seja a sua mãe dentro do carro de
resgate”. Com esse exemplo didático, acho que fica bem claro como funciona a
lei do retorno. O universo conspira. Não é? Tava pensando aqui...
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