domingo, 14 de agosto de 2016

Tavapensandoaqui no indulto do Dia dos Pais

Tavapensandoaqui no indulto do Dia dos Pais. O indulto é concebido em datas especiais e o presidiário pode passar esse dia fora da prisão. Se ele for um presidiário bonzinho, se ele cumprir as obrigações, fizer o dever de casa, não faltar, ganhar estrelinhas no caderninho, ajudar um velhinho a atravessar a rua e coisas assim, ele pode obter esses benefícios que a justiça lhe proporciona (é claro que existem regras específicas para conceder o indulto). É engraçado o pensamento do povo brasileiro em relação à justiça, em relação aos presos e ao sistema prisional de uma forma geral. A maioria de nós não conhece as leis e sempre damos muitos palpites em tudo que é escândalo. Se um cara mata alguém por ciúmes, temos nossa opinião a respeito. Se alguém comete uma chacina no shopping, temos nossa opinião sobre o monstro. Toda vez que tem indulto surgem polêmicas, do tipo “matou os pais e vai ter indulto de Dia dos Pais, que absurdo”. É um direito que essa pessoa tem, independente do crime cometido. Não existe um parágrafo na lei que diga que quem matar o Papai Noel não tem direito ao indulto de Natal. Outra coisa que chama a atenção é que o sujeito vai preso por um determinado tempo, depois ele é solto e volta para a sociedade. Presume-se que esse tempo que ele passou na prisão foi o tempo suficiente para ele refletir e não cometer mais nenhum crime. Todo mundo esquece esta parte. A pessoa deveria voltar para a vida social, pronta para se adequar às regras da sociedade. Veja bem esse exemplo. Suponha que você mate alguém por uma razão que você achou justa. Você foi preso, julgado, condenado, sua imagem e seu crime venderam milhares de jornais e revistas, apareceu em milhares de publicações, seu caso foi comentado na rádio e TV por um monte de gente que não entende nada de leis e você lá refletindo na cadeia sobre a burrada que fez. Com o passar do tempo você se sente realmente arrependido. Comporta-se direitinho para obter os benefícios da lei. Finalmente sai da prisão pelo direito que lhe cabe, usando as leis como elas foram escritas pela própria sociedade que lhe condenou. E ao sair, ainda continuam falando do seu crime, continuam falando de você como se você fosse cometer novamente o crime. Depois de tanto tempo, aquele crime que você cometeu continua sendo lembrado. Pois é, estamos realmente num beco sem saída, porque condenamos alguém por um crime e essa pessoa mesmo depois de ter cumprido a pena vai sempre continuar em dívida com a sociedade. Deve ser difícil para um ex-presidiário conseguir uma profissão novamente, sem causar a desconfiança dos patrões e colegas. Se ele fez uma coisa errada uma vez, ele poderá fazer novamente. Não está na hora de rever nossa posição? Aliás, quando eu disse para você imaginar que havia matado alguém, você imaginou? Hummm, não sei não, esse seu pensamento está estranho... Tava pensando aqui...

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