quinta-feira, 2 de junho de 2016

Tavapensandoaqui quando fecho a porta do meu apartamento. (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)



 
E o sensor não me enxerga (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)

Eu saio pela porta da sala que fica no mesmo local onde fica a porta da cozinha. As portas ficam a 90 graus uma da outra e saem para o mesmo corredor. A da cozinha sai direto e reto para o corredor.
Meu olho mágico fica na porta da cozinha para eu poder enxergar todo o corredor. A porta da sala fica de frente para a parede do corredor. E o sensor de presença do corredor não sente a minha presença quando eu saio pela porta da sala, só sente a minha presença quando saio pela cozinha.
Quando saio pela sala tenho que andar uns três metros até o botão de chamada do elevador para o tonto do sensor de presença me perceber. Ando até o botão no escuro com a mão levantada e chacoalhando-a para o sensor acordar. Falta só eu dar um berro para o bicho despertar e me perceber.
Então eu espero o elevador. Todo elevador demora. A luz do corredor apaga antes da chegada do elevador. Levanto a mão e sacudo-a para acender a luz novamente. Se a luz apaga de novo eu balanço a cabeça e o corpo. Às vezes até rebolo quando estou com as mãos ocupadas mexendo no celular. Pouco é claro. Discretamente. Ninguém está vendo mesmo. Se o vizinho olhar pelo olho mágico, não vou ser descoberto, pois vai estar escuro e quando acender eu paro de rebolar. Sou esperto. Veja lá se vou deixar alguém saber que eu rebolo para me fazer presente no sensor de presença. Nem morta. Quer dizer, nem morto. O elevador chega. A porta abre e dentro tem uma senhorinha oriental pequenina com um cachorrinho bem grandinho. A lei do condomínio reza que os animais de estimação devem ser carregados pelos donos. Neste caso acho que o animal de estimação poderia carregar a dona. Aceno negativamente com um sorriso, indico que não vou entrar. Ela sorridente me convida, dizendo que o animal é mansinho. Concordo com um aceno positivo de cabeça e um sorriso, mas recuso a oferta e digo a ela que não tenho pressa.
Era mentira eu estava com pressa. Fecha-se a porta do elevador. Luz apaga e eu me sacudo de novo. É que eu decidi que não entro mais em elevador junto com nenhum animal de estimação. Preconceito? Medo? Frescura?
Pense o que você quiser. Mas eu penso que um elevador pode parar por falta de luz e ficar no escuro. Se tiver passageiros dentro e mais um animal de estimação creio que não poderá resultar em algo muito agradável.
Ainda mais se o animal de estimação não consegue ser carregado pelo dono ou dona. O animal transformar-se-á em uma fera quando acuado. Prefiro evitar.
Eu espero então o próximo elevador. Quer dizer, espero o mesmo elevador. Não tem outro, só tem este.
A luz do corredor apaga novamente. Que saco! Rebolo outra vez, estava com as mãos ocupadas. Tava pensando aqui...

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