Tavapensandoaqui na evolução do
CPD para empresa de Soluções de TI. (Crônica de um ano atrás, agora no livro #tavapensandoaqui)
A evolução do CPD já aconteceu e
agora vem o seu retrocesso como carreira na área de TI. O Centro de
Processamento de Dados – CPD - era o nome pomposo do local onde ficavam os
computadores mainframe (computadores de grande porte) no século passado e todas
as grandes empresas tinham orgulho de mostrar aos clientes, fornecedores e
concorrentes.
No CPD envidraçado para todos
verem, trabalhavam profissionais bem remunerados para fazer as informações
ficarem organizadas e fluírem de forma correta dentro da empresa. Grandes
computadores ocupavam salas refrigeradas, esterilizadas e com cabeamento
subterrâneo para manter funcionando os caríssimos equipamentos.
Um programador em inicio de
carreira ganhava por mês oito vezes o valor de uma mensalidade de Faculdade de
Engenharia (eu próprio).
De CPD a área passou a chamar
Informática. Nesta época chegaram os PC, Personal Computers com seus vídeos
cabeçudos, suas impressoras matriciais portáteis e seus abafadores de ruído
enormes, verdadeiros trambolhos.
De Informática a nomenclatura
evoluiu para Soluções de TI – Tecnologia da Informação.
E o telefone celular de hoje
tem mais capacidade de processamento do que tinha um CPD antigo. E o técnico em
TI hoje ganha pouco mais que uma mensalidade de uma Faculdade de Engenharia.
O que aconteceu entre o tempo
do CPD e a atual fase de Soluções de TI?
Aconteceu que as grandes
empresas inventaram que deveriam trabalhar apenas no seu nicho de sua
especialização e retiraram de dentro de si os profissionais que não tinham nada
a ver com a sua atividade principal.
Por exemplo, um Banco ou
Fábrica não precisam de uma profissional que varre o chão, limpa os móveis e os
banheiros. Terceirizou.
Não precisa de alguém para
fazer o cafezinho e o almoço do pessoal. Terceirizou. Não precisa de um
segurança. Terceirizou. Não precisa de um especialista em eletricidade e
ar-condicionado. Terceirizou. Não precisa de um profissional de TI.
Terceirizou.
O que aconteceu em comum com
todas estas profissões? Uma faxineira de uma grande empresa ganhava melhor e
tinha os benefícios que essa empresa dava. Perdeu tudo. Uma cozinheira e um
garçom? Idem. Um segurança? Idem. Um mecânico e eletricista de manutenção?
Idem. Um profissional de TI? Idem.
E hoje o profissional de
Tecnologia de Informação é considerado um prestador de serviço igual aos outros
com a diferença que não usa uniforme. Ainda. E vai piorar.
Em recente conversa com uma
amiga, falamos que os pequenos projetos podiam ser o futuro e que a mão de obra
seria contratada para realizar o projeto e parar um pouco para ser contratada
para outro projeto mais a frente.
Eu comparei essa situação a
contratação que fazemos de mão de obra para reformar nossa casa. Contratamos
pedreiros para fazer um trabalho de poucos meses, mas ele ganha pouco e aceita
um trabalho paralelo para poder compensar o pouco que ganha.
E nesse meio tempo ele se
desdobra para fazer os dois trabalhos e falta uma vez aqui e outra ali para dar
conta do recado sendo que o serviço acaba saindo com reclamação do cliente e
baixa qualidade. Vai acabar acontecendo isso com o profissional de TI.
Outra conversa recente foi
para comentar do salário baixo oferecido para profissionais de TI de hoje. Um
amigo comentou que se for ganhar o que estão propondo sendo ele que é um
profissional poliglota, certificado e capacitado em várias especialidades vai
trabalhar por conta em profissões menos nobres para ganhar mais.
Sinto pena. Que
lástima. Decadência de um setor onde a inteligência era valorizada e hoje
perdeu seu encanto. Tava pensando aqui...
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