Tavapensandoaqui
que a velhice acalma a alma. Enquanto jovens somos impacientes e impulsivos. Quando
a idade
vai avançando nos tornamos mais tolerantes e conseguimos ver as coisas
acontecendo sem maiores preocupações. Um cliente que eu atendi já faz algum
tempo estava na melhor idade e escreveu um livro. Vi o livro sobre a mesa de
trabalho dele e ele estava feliz pelo lançamento. Ele já tinha filhos e tinha
um sítio onde passava os finais de semana. Deduzi pela minha lógica de
programador de computadores que se ele tinha um sítio ele também tinha plantado
uma árvore e desta forma o trio de coisas para se realizar na vida estava
completo para ele. Ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro são as
realizações que temos que fazer nesta vida. Acho que não necessariamente nesta
ordem. E não sei quem inventou isso. Pensei comigo que se aquele pé de feijão
que plantamos no algodão dentro do copinho valer como “árvore” eu estou quase
pronto faltando só escrever um livro. Pé de feijão vira uma baita árvore. Pelo
menos foi isso que aprendi lendo “João e o pé de feijão”. Continuando a lógica,
se essas crônicas valerem como “livro” então fechei o meu ciclo. Nessa época
que conversei com ele eu era o jovem impaciente e impulsivo. Ele era um sábio
senhor e me deu um exemplo de como ele se comportava frente à vida. Deu-me o
exemplo de uma viagem que fez com o seu filho dirigindo. Disse que antes ele
tomava as rédeas da viagem e queria saber tudo. Ele me disse que havia mudado e
agora fazia questão de sentar no banco traseiro e apenas olhar a paisagem.
Aonde vai o carro, como vai, por onde vai, quando vai chegar, se tem
combustível suficiente, se o pneu tá vazio, onde parar para abastecer, comer,
eram preocupações que ele não tinha mais. Ele sentava-se e via a estrada e o
tempo passar calmamente, sem preocupação. Será que a vida da gente é para ser
assim vivida desta forma? Será essa a mudança que vai nos trazer a sabedoria e
vai nos trazer a tão sonhada felicidade? Mas o tema deste pensamento é
sobre a velhice. Entendo que sou ainda muito jovem. Preocupo-me ainda com os meus
pneus, com o pedágio, com o combustível embora na última viagem de volta a SP eu
tenha ficado sem combustível no planalto e tive que sair em São Bernardo em plena
Imigrantes às 23:30h para achar um posto e completar o tanque (esse
esquecimento é sinal de velhice eu acho). Eu descrevo o trajeto para o taxista
fazer. No geral muita coisa ainda me incomoda tais como jovens se levantando
para me dar lugar (outro sinal de velhice?). Irritam-me os cachorros latindo de
madrugada assim como os feirantes montando suas barracas de madrugada assim que
os cachorros param de latir. Irrita-me aguardar o sinal de pedestre ficar
verde, trânsito congestionado, ciclovia mal planejada, redução de velocidade
nas marginais, Avenida Paulista fechada para os carros aos domingos, veículo em
fila dupla, motoqueiros furando semáforos, desemprego, impostos, corrupção,
falta de segurança, salário baixo, passeatas diárias protestando contra coisa
nenhuma, desperdício de água e energia, inflação. Já falei motoqueiros? Acho
que não estou velho não eu continuo impaciente. Mas agora me lembrei que
existem velhos ranzinzas que reclamam de tudo. Xiii, tava pensando aqui...
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